1. O que é diabete gestacional?
“É o aumento dos níveis de açúcar no sangue na gravidez”, esclarece Lenita Zajdenverg, endocrinologista e nutróloga responsável pelo acompanhamento de diabete gestacional da Maternidade Escola do Hospital da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Na maior parte dos casos, o problema, que afeta cerca de 7% das mulheres, aparece depois do segundo trimestre e, uma vez diagnosticado, persiste até o fim da gestação.
2. Por que esse tipo de problema pode ocorrer durante a gestação?
A placenta produz diversos hormônios que podem bloquear parcialmente a ação de insulina, a substância responsável pelo transporte do açúcar do sangue para dentro das células. “Na maioria das mulheres, o pâncreas reage a essa situação liberando mais insulina para superar essa resistência”, explica Lenita Zajdenverg. Mas em pacientes com o diabete gestacional, é como se a glândula não desse conta do recado.
Em outras palavras, a produção de insulina é insuficiente para que o corpo processe adequadamente o excedente de glicose que está na circulação. Daí, conforme as semanas de gravidez avançam e a placenta cresce, eleva-se o risco do diabete surgir.
3. Quais são os sintomas?
Se a futura mãe não estiver altamente descompensada, ou seja, com as taxas de açúcar no sangue muito elevadas, ela não vai ter nenhum sinal do problema. “Somente em casos mais extremos a doença pode gerar mal-estar, cansaço e muita sede”, observa Eduardo Slotnik, obstetra especialista em gravidez de alto risco do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Além disso, os efeitos tradicionais da doença se confundem com sensações bem familiares às futuras mamães, como fadiga, apetite elevado e aumento das escapadas ao banheiro para fazer xixi.
4. Algumas mulheres estão mais propensas ao diabete gestacional?
Sim. De acordo com Alexandre Pupo, ginecologista e obstetra do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, estão mais propensas ao problema as gestantes obesas ou que engordaram em demasia ao longo da gravidez, as portadoras de ovário policístico e aquelas com histórico de diabete na família. Também fazem parte desse grupo mulheres cujo primeiro bebê nasceu muito acima do peso.
5. Como é o diagnóstico da doença?
O problema é detectado por meio de um exame de sangue, feito em torno da 24ª semana. Alguns médicos defendem que todas as gestantes devem fazê-lo, outros especialistas acreditam que ele deve ser restrito a aquelas com propensão ao mal. “Se for constatado o diabete, o acompanhamento deve ser mais específico e inclui avaliações periódicas e mais detalhadas, como a curva glicêmica”, explica Alexandre Pupo. Nesse exame, a gestante bebe uma espécie de concentrado de glicose.
Em seguida, de hora em hora, colhe-se uma amostra de seu sangue para checar quanto tempo o açúcar demora para desaparecer da corrente sanguínea. Assim, uma hora depois de o líquido ser ingerido, o nível de glicose não deve ultrapassar 180 mg/dl. Duas horas depois, essa valor não deve ultrapassar o limiar de 155 mg/dl. Por fim, após três horas, deve ser menor do que 140 mg/dl. O crescimento acelerado do bebê ou o aumento do líquido aminiótico, diagnosticados por meio do ultrassom, também podem indicar a presença do excesso de açúcar no sangue.
6. Como é o tratamento?
“A maior parte das mulheres que têm diabete gestacional consegue controlar as taxas de açúcar apenas com dieta e, se não houver contra-indicação, com a prática de uma atividade física”, esclarece Lenita Zajdenverg. Apenas 20% delas precisam fazer uso de insulina, que é um tratamento seguro e não afeta nem a mãe nem o bebê. “Tudo depende do grau do problema. Se as taxas de açúcar estão pouco alteradas não é preciso entrar com remédios”, explica o ginecologista Eduado Slotnik.
7. E como fica o tratamento de quem já era diabética?
“A paciente que já era diabética e fazia uso de remédios como os hipoglicemiantes orais deve trocar a medicação para a insulina antes mesmo de engravidar. Isso porque esses medicamentos são contra-indicados para o período”, ressalta Alexandre Pupo. Por isso a importância de ela ter uma gravidez planejada: “No momento da fecundação as taxas de açúcar devem estar bem controladas, porque esse deslize pode provocar a malformação do bebê”, completa Lenita Zajdenverg. Fora isso, a filosofia de tratamento é a mesma: cuidar da alimentação e evitar o sedentarismo.
8. É verdade que a grávida diabética contrai infecções com maior facilidade?
Depende. Se o diabete estiver controlado isso não acontece. As infecções geralmente ocorrem em pacientes que estão com as taxas de açúcar muito elevadas.
9. O problema desaparece depois do parto?
Sim. Os níveis de açúcar costumam se normalizar de três dias a uma semana após o nascimento do bebê, já que a causa do problema (a gravidez em si) já não existe.
10. Quem teve diabete gestacional corre maior risco de se tornar diabética com o passar dos anos?
Sim. O fato de a mulher ter tido a doença durante a gravidez serve de alerta para que mantenha uma vida saudável, evite ganhar peso e pratique alguma atividade física. Afinal, o pâncreas, que é o responsável pela liberação da insulina, já avisou de que talvez não consiga lidar a contento com o excesso de açúcar no corpo.Fonte:bebê.com por Maria Luiza Lara
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